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domingo, 12 de setembro de 2010

ISO 26000 - Norma de Responsabilidade Social




A ISO 26000 será a norma internacional de Responsabilidade Social e está prevista para ser concluída em 2010. O Grupo de Trabalho de Responsabilidade Social da ISO (ISO/TMB WG) – responsável pela elaboração da ISO 26000 - é liderado em conjunto pelo Instituto Sueco de Normalização (SIS - Swedish Standards Institute) e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Assim, em decisão histórica o Brasil, juntamente com a Suécia, passou a presidir de maneira compartilhada o grupo de trabalho que está construindo a norma internacional de Responsabilidade Social.



O desenvolvimento desta norma tem também sido inovador, um processo multistakeholder. O Grupo de Trabalho de Responsabilidade Social da ISO (ISO/TMB WG) é constituído por mais de 360 experts e observadores de mais de 60 países. Os experts e observadores participam do processo de construção da ISO 26000 de duas formas – por meio de delegações nacionais ou das chamadas organizações D-liaison. As delegações nacionais são compostas pelas seguintes categorias ou partes interessadas (stakeholders) da sociedade:

 
• Trabalhadores;
• Consumidores;
• Indústria;
• Governo;
• ONG’s; organizações não governamentais
• Serviço, suporte e outros.





A ISO/TMB WG realizou, até o presente momento, cinco reuniões que definiram as principais resoluções a respeito da ISO 26000. Seguem abaixo as principais características desta norma:

 
• será uma norma de diretrizes, sem propósito de certificação;
• não terá caráter de sistema de gestão;
• não reduzirá a autoridade governamental;
• será aplicável a qualquer tipo e porte de organização (empresas, governo, organizações não governamentais, etc);
• será construída com base em iniciativas já existentes (não será conflitante com tratados e convenções existentes);
• enfatizará os resultados e melhoria de desempenho;
• prescreverá maneiras de se implementar a Responsabilidade Social nas organizações;
• promoverá a sensibilização para a Responsabilidade Social;

 
Embora ainda em processo de construção podendo, portanto, sofrer alterações, podemos dizer que a ISO 26000 abordará como temas centrais da RS, as seguintes questões:
•  Governança Organizacional
• Direitos Humanos
•  Práticas do Trabalho
•  Meio ambiente
• Práticas Leais(justas) de Operação
• Questões do Consumidor
• Envolvimento e Desenvolvimento da Comunidade

 
Além disso, pode-se aferir que as organizações que quiserem ter um comportamento socialmente responsável deverão:

 
• ser responsáveis pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente;
• contribuir com o desenvolvimento sustentável, a saúde e bem estar da sociedade;
• considerar as expectativas dos seus stakeholders ;
• ter um comportamento ético e transparente;
• estar de acordo com as normas internacionais de comportamento.





Instituto Ethos - Organização de Responsabilidade Social


A missão do Instituto Ethos é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa.



O Instituto Ethos propõe-se a disseminar a prática da responsabilidade social empresarial, ajudando as instituições a:

 
1. compreender e incorporar de forma progressiva o conceito do comportamento empresarial socialmente responsável;
2. implementar políticas e práticas que atendam a elevados critérios éticos, contribuindo para o alcance do sucesso econômico sustentável em longo prazo;

3. assumir suas responsabilidades com todos aqueles que são atingidos por suas atividades;
4. demonstrar a seus acionistas a relevância de um comportamento socialmente responsável para o retorno em longo prazo sobre seus investimentos;
5. identificar formas inovadoras e eficazes de atuar em parceria com as comunidades na construção do bem-estar comum; e
6. prosperar, contribuindo para um desenvolvimento social, econômica e ambientalmente sustentável.
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização sem fins lucrativos, caracterizada como Oscip (organização da sociedade civil de interesse público). Sua missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável.


Criado em 1998 por um grupo de empresários e executivos oriundos da iniciativa privada, o Instituto Ethos é um polo de organização de conhecimento, troca de experiências e desenvolvimento de ferramentas para auxiliar as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar seu compromisso com a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável. É também uma referência internacional nesses assuntos, desenvolvendo projetos em parceria com diversas entidades no mundo todo.


Site do Instituto: http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/Default.aspx

Entrevista com o Empresário Oded Grajew





Oded Grajew é um dos catalizadores do movimento em prol da responsabilidade social no Brasil e, até pouco tempo arás, Assessor Especial da Presidência.
Oded Grajew, 46 anos, nasceu em Tel-Aviv, Israel, mas migrou para o Brasil com a família quando tinha apenas 12 anos. Oded, que é engenheiro elétrico formado pela Escola Politécnica da USP, também é pós-graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas.
Em 1972, Oded Grajew criaria uma das maiores fábricas de brinquedo do país, a Grow Jogos e Brinquedos, da qual foi dirigente até 1982. Na Grow começaria sua conscientização pela luta em defesa dos direitos da criança, a qual culminou na criação da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, entidade que conta hoje com mais de 2.500 empresas cadastradas para apoiar projetos em favor de crianças e adolescentes.


Oded Grajew é verdadeiramente um “empresário social”, na sua própria concepção do termo. Além de ser um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, um contraponto aos excessos do Fórum Econômico de Davos, Oded Grajew também é o criador do Instituto Ethos de Responsabilidade Social, o pioneiro nas discussões em torno do tema no Brasil e que conta atualmente com mais de 600 empresas cadastradas, algo em torno de 30% do PIB nacional.

O que a Responsabilidade Social pode representar para os resultados finais de uma empresa?


O esforço de desenvolvimento social local e efetivo
 é parte da responsabilidade social das empresas.
A óptica das empresas tem mudado com o passar dos anos, hoje se preocupam mais com o bem-estar de seus colaboradores e também da comunidade. Ambientes de trabalho favoráveis, acompanhamento de funcionários, busca por recolocações e oportunidades iguais de trabalho, controle da poluição ambiental e melhor utilização dos recursos naturais podem trazer futuramente às empresas algumas vantagens.


As organizações acreditam que fatores como estes podem vir a ter um relacionamento direto com o seu desempenho econômico, portanto, é um investimento, em muitos casos, muito alto, mas que no final de um período pode trazer ótimos retornos financeiros. Por outro lado, este tipo de atitude adotada pode contribuir também para a melhoria e maior aceitação da imagem da organização, isto é, apresentando-se como "responsáveis sociais" podem até evitar alguma regulamentação e conseqüentemente atrair muitos seguidores; muitas outras empresas interessadas em seguir suas políticas empresariais.
A responsabilidade social da empresa é a extensão do papel empresarial, além de seus objetivos econômicos. Seus defensores argumentam que as organizações têm amplo espectro de responsabilidades que vai além da produção de bens e serviços para obtenção de lucro.


A Responsabilidade Social Corporativa está devidamente voltada para as questões morais e éticas que envolvem as políticas praticadas pela organização.


Uma empresa passa a ser considerada se cumprir com todas as suas políticas sociais implementadas e também ao adotar uma visão estratégica de negócios transparente e honesta com todos aqueles que possuem algum tipo de relacionamento direto com a mesma, isto é, pode ser um colaborador, um cliente ou fornecedor a maneira de tratamento e relacionamento deve ser a mesma.
Fica visível que atualmente há a necessidade da moderna gestão empresarial criar relacionamentos mais consistentes e éticos no mercado tão competitivo dos dias de hoje. Para isso, é necessário que as empresas possuam políticas bem formuladas e devidamente implementadas. Algumas empresas seguem veementemente que a única função da responsabilidade social é gerar lucros, resistindo às interferências legislativas em sua liberdade de operações, se as organizações seguirem seus interesses próprios irá resultar no bem estar social maior.

Algumas organizações vão além das disposições legais ao reagirem a demandas ou preocupações específicas numa base discricionária, isto é, os valores além dos interesses econômicos da organização de melhorar o bem-estar social global. Por fim, algumas organizações abraçam muitas responsabilidades sociais como parte de suas filosofias éticas. Esse comportamento é proativo. Essas empresas seguem a perspectiva universalista de que certos valores devem ser apoiados independentemente de seus efeitos em outros valores, como os interesses econômicos.
Os valores da organização, assim como as suas devidas expectativas devem priorizar a transparência nos relacionamentos e também deve levar em conta a constante avaliação do seu desempenho quanto ao cumprimento de suas responsabilidades assumidas, objetivando uma imagem de empresa cidadã. A organização, não pode deixar de lado a prática de ações de cidadania. A responsabilidade assumida com a comunidade deve referir-se às expectativas básicas da organização quanto à ética nos negócios, preservação do meio ambiente e dos recursos naturais e da saúde pública.

O que é Responsabilidade Social Empresarial ?


Responsabilidade Social Empresarial  é
 construir a cidadania
As transformações sócio-econômicas dos últimos 20 anos têm afetado profundamente o comportamento de empresas até então acostumadas à pura e exclusiva maximização do lucro. Se por um lado o setor privado tem cada vez mais lugar de destaque na criação de riqueza; por outro lado, é bem sabido que com grande poder, vem grande responsabilidade. Em função da capacidade criativa já existente, e dos recursos financeiros e humanos já disponíveis, empresas têm uma intrínseca responsabilidade social.


A idéia de responsabilidade social incorporada aos negócios é. portanto, relativamente recente. Com o surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência nos negócios, empresas se vêem forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações.


Infelizmente, muitos ainda confundem o conceito com filantropia, mas as razões por trás desse paradigma não interessam somente ao bem estar social, mas também envolvem melhor performance nos negócios e, conseqüentemente, maior lucratividade. A busca da responsabilidade social corporativa tem, grosso modo, as seguintes características:


É plural. Empresas não devem satisfações apenas aos seus acionistas. Muito pelo contrário. O mercado deve agora prestar contas aos funcionários, à mídia, ao governo, ao setor não-governamental e ambiental e, por fim, às comunidades com que opera. Empresas só têm a ganhar na inclusão de novos parceiros sociais em seus processos decisórios. Um diálogo mais participativo não apenas representa uma mudança de comportamento da empresa, mas também significa maior legitimidade social.


É distributiva. A responsabilidade social nos negócios é um conceito que se aplica a toda a cadeia produtiva. Não somente o produto final deve ser avaliado por fatores ambientais ou sociais, mas o conceito é de interesse comum e, portanto, deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. Assim como consumidores, empresas também são responsáveis por seus fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e serviços usados ao longo de seus processos produtivos.

É sustentável. Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao ambiente e à sociedade, não só garante a não escassez de recursos, mas também amplia o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento sustentável não só se refere ao ambiente, mas por via do fortalecimento de parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo e por fim leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é por natureza preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos ambientais ou processos judiciais.


É transparente. A globalização traz consigo demandas por transparência. Não mais nos bastam mais os livros contábeis. Empresas são gradualmente obrigadas a divulgar sua performance social e ambiental, os impactos de suas atividades e as medidas tomadas para prevenção ou compensação de acidentes. Nesse sentido, empresas serão obrigadas a publicar relatórios anuais, onde sua performance é aferida nas mais diferentes modalidades possíveis. Muitas empresas já o fazem em caráter voluntário, mas muitos prevêem que relatórios sócio-ambientais serão compulsórios num futuro próximo.




Muito do debate sobre a responsabilidade social empresarial já foi desenvolvido mundo afora, mas o Brasil tem dado passos largos no sentido da profissionalização do setor e da busca por estratégias de inclusão social através do setor privado.